domingo, 1 de fevereiro de 2009

Geração cartão de crédito

Entre uma celebridade apresentando um comercial de uma tranqueira qualquer na TV e as manchas (de ficar horas babando) em um anúncio de um produto "super legal, todo mundo tem, você precisa" na revista, nasceu uma nova geração. Uma geração que eu decidi chamar de geração cartão de crédito, pelo fato dessa pequena pecinha de plástico ser sua maior companheira de todas as horas.

Seu principal, e muitas vezes único, objetivo na vida? Ganhar dinheiro. Não para economizar, nem para viajar ou estudar em outro lugar, nem para poder ter uma garantia de renda na aposentadoria ou no caso de desemprego, mas sim para gastar, para torrar mesmo.

Para ela, a felicidade está logo ali, pode ser comprada no shopping mais perto de casa. É lá que ela completa seu vazio, com produtos que às vezes nem mesmo precisam, só pra comprar uma coisinha nova. Tédio? Frustração? A solução é bem simples, é só pegar o seu cartão (ou seus cartões), amigo de todas as horas, e ir dar uma volta no shopping mais próximo de casa. Depois de uma sessão desgastante de compras, se sentem felizes, realizados... até chegar a tão odiada fatura do cartão.

Nessas horas, mesmo que o arrependimento venha, precisam se consolar, pensando valeu a pena, ao menos eu estou na moda e tenho coisas legais ou todo mundo tem, eu não posso ser diferente. Podem estar quebrados, mas dão um jeitinho de tentarem sair do buraco, normalmente apelando a um picareta, digo, conhecido que empresta dinheiro sem consulta ao SPC, para pagar em não sei quantas vezes, e mesmo que saiam, mais cedo ou mais tarde voltam para ele, da mesma forma que um ex-dependente pode voltar a ser usuário em uma de suas recaídas.

Mesmo que daqui a 6 meses elas não vão mais usar as peças que compraram hoje, vão achar feias, compram todas as roupas "da moda". Trocam de celular cada vez que aparece um modelo novo, mesmo que não saibam usar nem metade das funções do velho. Compram joguinhos novos porque são legais ou porque a revista X deu nota 10, mesmo que joguem uma vez e depois nunca mais encostem neles.

Assim como dependentes químicos, desenvolvem tolerância, precisam gastar cada vez mais e se consumir nas suas próprias crises financeiras, se perderem em seus empréstimos e financiamentos para realizar suas fantasias sexuais de consumo e preencher seus vazios com tranqueiras que às vezes nem mesmo precisam e nem podem pagar, muitas vezes para mostrar para quem não gostam. Mas tudo bem, elas precisam de tudo que é super legal.

ouvindo: Alice Cooper - Ballad Of Dwight Fry

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