quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Checking for 'falta de argumentos'... found

Acho que a maioria dos leitores do blog conhece o comportamento de uma pessoa quando seus argumentos acabam. Seja se fazer de ignorante, seja recair nas agressões pessoais ou na intimidação, seja usar sarcasmos inconvenientes ou mesmo atrapalhar os outros de uma forma ou outra, as diversas escapatórias demonstram várias coisas sobre o "vencido".

Temos, em primeiro lugar: a intolerância. O direito à opinião só é válido, para alguns, se a nossa opinião for exatamente igual à deles. Discordou deles? Prepare-se para ser infernizado por uma pessoa desrespeitosa, incapaz de reconhecer a diversidade de opiniões.

A mesma pode ser aplicada às discussões religiosas. Para alguns religiosos, o artigo da constituição de 1988 que garante a liberdade de culto simplesmente não existe, e se vive em uma nação na qual a única religião válida é a deles, e todas as outras (aí incluso o ateísmo) são coisa do diabo. Não existe argumentação para eles sem citar um Jesus salva ou Deus é pai. E o método científico, para eles, é frio demais, racional demais.

Como consequência dessa, o apelo à força, à misericórdia ou à ignorância, ou mesmo ao preconceito (apelo este que, na minha opinião, invalida todo e qualquer debate). Exemplificada em frases como todo mundo aqui conspira contra mim/me odeia, X é coisa de (viado|pobre|vagabundo|nerd|preto|qualquer outra minoria), que frequentemente aparecem em discussões - especialmente em se tratando de temas políticos e outras polêmicas.

Nesses mesmos temas, aparece com certa frequência a lei de Godwin, proposta no começo dos anos 90 que afirma que,
a probabilidade de surgir uma comparação envolvendo Hitler ou nazistas aproxima-se de 1 (100%). Ou, em outras e curtas palavras, o velho e bom apelão.

Ou algo um pouco mais difícil de ser reconhecido: erros de lógica. Não espero que ninguém domine a lógica formal, assunto o qual até hoje tenho dificuldade de entender, mas alguns erros básicos são facilmente identificados por qualquer pessoa com uma mínima noção de filosofia. Não é preciso ser um cientista para reconhecer um apelo à autoridade, uma generalização inadequada, o estilo sem substância (vulgo lero-lero) ou o clássico ad hominem.

A ignorância e a insistência nos erros também é comum. É bastante clássico vermos uma verdadeira teimosia na defesa de ideias furadas e já refutadas. Esse é o caso dos cientistas malucos que vemos internet afora, propondo geniais máquinas de moto-contínuo, curas quânticas, descrevendo teorias físicas, em uma intelectualidade de dar inveja a um Hawking ou Einstein - embora nunca tenham cursado alguma cadeira de Física ou Química em uma universidade.

Um caso similar são as pessoas que não fazem algo simples: pesquisar antes de falar e procurar conhecer aquilo sobre o qual argumentam contra ou a favor. Cansei de encerrar discussões por desconhecimento de causa da outra parte, momento no qual ela irá... apelar para as escapatórias do primeiro parágrafo, ou simplesmente correr da discussão.

Tais ataques existem há muito tempo no mundo real, mas a internet serviu como um verdadeiro amplificador para essas pessoas; parece que a radiação emitida por um monitor serve para que elas se tornem verdadeiros super-homens, incansáveis na sua luta para construir um império no qual suas ideias - ainda que completamente inválidas - sejam as únicas. Mesmo que para isso seja necessária uma guerra suja, com paus e pedras verbais, uma verdadeira vitória pírrica para o "ganhador".

E também, essas atitudes refletem a incapacidade da maioria das pessoas em se manterem racionais e aceitarem perder um argumento, derrota essa que para elas significaria a destruição do império anteriormente citado, construído sobre as bases frágeis de uma falácia. Além, é claro, da necessidade urgente do ensino de lógica e da criação de uma cultura que incentive o debate (e não o bate-boca) - o que, infelizmente, não será visto tão cedo, pois forneceria uma arma poderosa para a reflexão e o questionamento, somando-se a isso o fato de que tal ciência requer que se faça algo muito difícil para alguns: pensar.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

GIMP 2.7.0, versão de desenvolvimento

No dia 16 foi lançada a versão 2.7.0 do GIMP, versão de desenvolvimento, já com diversos recursos interessantes.









Provavelmente um dos recursos que mais irá ser importante é o suporte a tags nos pincéis/gradientes/texturas etc.... Recursos práticos para quem tem uma grande coleção desses materiais, mas era vítima da dificuldade em organizá-los.












Outra mudança que - infelizmente - irá irritar alguns usuários mais antigos (como eu), mas faz sentido para os novos, é a separação das funções 'Save' e 'Export': a primeira apenas salva no formato do GIMP, já a segunda permite salvar nos outros formatos, como JPEG e PNG.


Também é possível editar texto diretamente na imagem, sem aquela velha e - para alguns - desagradável janelinha flutuante.













No núcleo, vários algoritmos foram modificados, possibilitando - no futuro - recursos como camadas vetoriais, operações avançadas com pincéis (interessantes para quem usa tablet) e interfaces com a biblioteca gráfica GEGL - com a qual, espera-se, adicionar outras tão desejadas funções como suporte a imagens com mais de 8 bits por canal e camadas de ajuste (adjustment layers).

Um dos objetivos da versão 2.7 é que não sejam mais feitas mudanças em tal biblioteca gráfica, de forma a permitir que o desenvolvimento se concentre no GIMP em si.

Trata-se de uma versão de desenvolvimento, portanto não recomendo seu uso em produção, embora na minha máquina não tenha havido nenhum crash.

Para mais informações, leia o Changelog. Criei 3 PKGBUILDs para uso no Arch Linux, coloque-as em /var/abs/extra/{nome do pacote} e execute o makepkg.


http://codepad.org/6Avhu1Tg - babl-0.1.0
http://codepad.org/YnmvPwGu - gegl-0.1.0
http://codepad.org/75Hhn64T - gimp-2.7.0

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Notícias de celebridades, ou "tudo para entreter a audiência".

É só abrir um site de notícias, nacional ou internacional, ou ir a uma banca e olhar as revistas, ou mesmo assistirmos alguns canais de televisão, para vermos várias delas referentes ao (sub)mundo das celebridades. Fulana fez X ou Y? Foi vista em algum lugar com outra pessoa? Nada escapa dos olhos mágicos da mídia.

Pergunto: Qual a relevância de tais informações? E por quê há tantas pessoas interessadas em saber se a Fulana da novela das 8 foi vista em uma praia ou se o Sicrano está pegando (ah, como eu odeio esse termo... mas esse não é o objetivo do post) a ex-mulher do Fulano?

Simplesmente, constato que há uma necessidade de - para completar o vazio na existência da maioria das pessoas - saber tudo sobre outras pessoas não tão relevantes, de forma a ter algo inútil para contar, imitar.

Um jeito simples de manter as pessoas entretidas, sufocadas em irrelevâncias e futilidades diversas, criando nelas a ideia de um estilo de vida insustentável, para que elas fiquem passivas aos fatos que realmente ocorrem. De manter as massas caladas, drogadas, por meio de uma fantasia de falsas felicidades e satisfações, como forma de manter a.

E, principalmente, esse tipo de conteúdo é uma das bases da cultura do sensacionalismo, tão querida pela mídia, aquela que transforma qualquer acontecimento - por mais insignificante que seja - em um espetáculo de circo, ou um festival de apedrejamento quando assim for necessário (como o caso de alguns programas de TV), aquela que transforma qualquer barraco em um camping completo. A apelação e a ignorância tornaram-se necessárias, hoje, para lutar pela audiência: basta olhar alguns dos programas dominicais ou de "humor".

Se fosse apenas uma página em uma revista semanal, tudo bem, poderia até tentar considerar que faz parte das notícias. Mas o pior é ver que existem publicações inteiras dedicadas a isso. E consumidas por uma geração que quer estar por dentro do que se passa no mundo dos famosos - e, talvez, um dia ser um deles, para ser famoso e, portanto, vítima da perseguição.

Isso quando as fofocas não vão para o lado sexual. Conspirações sobre a sexualidade de alguém são comuns, e ora essa pessoa é tratada como revolucionária, quebradora de paradigmas, ou é vítima do moralismo enlatado da sociedade. Estranho ver que a vida entre quatro paredes de uma pessoa pode significar tanto para milhões de outros que - aparentemente - não tem vida entre quatro paredes.

Mas tudo bem, não será esse post que acabará com o pão e circo, afinal the show must go on. E, para entreter a audiência, vale tudo. Inclusive desrespeitar a liberdade e o direito à privacidade. Atolar em informações desnecessárias, de forma a dificultar ou impedir o pensamento crítico e a reflexão. E, inclusive, trazer fotos "exclusivas" da modelo pega com outra pessoa, ou confissões sexuais ardentes. Tudo isso para uma geração que não tem mais o que fazer além de monitorar a vida de outras pessoas, tomando notas de cada passo e guardando todas as informações para, um dia, serem usadas como sabão na lavanderia de roupa-suja da vida.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

O problema é o professor?

Imaginem a cena: um professor chega na sala de aula e é recebido a paus e pedras verbais pelos seus alunos. porque o professor pau no cu só sabe fuder com os alunos. Quem o emprega também o trata como um verdadeiro peão, pagando salários ridículos se comparado ao que muitas outras figuras menos importantes recebem.

Assim sendo, ele não consegue atingir seu objetivo e - portanto - é alvo do velho discurso o problema do ensino é o professor. Evidente que, em vários casos, há profissionais incompetentes, mas muitas vezes o charlatanismo está mais acima na hierarquia, com "diretores" que não aceitam punir maus alunos e, ainda por cima, retiram qualquer poder punitivo do professor.

Assim, me pergunto: é possível realizar um bom trabalho sob tais condições insalubres? Qual pessoa se motivaria a ser tachada daquilo que citei no primeiro parágrafo?

Constatando o óbvio muitas vezes ignorado pela grande mídia, nem mesmo o melhor ensino, a revolução educacional tão desejada irá substituir a educação básica que deveria ser fornecida pelos pais - muitas vezes omissos, com medo de impor limites para seus filhos, porque isso prejudica a formação deles e é autoritário demais.

Alguns podem alegar que falta infra-estrutura nas escolas. Correto, realmente ela é precária em vários locais; mas muitas vezes, quem foram os seus destruidores? Os próprios alunos... graças à falta de limites. Queria não acreditar que os pais de um aluno com verdadeiro prazer em quebrar vidros deixavam ele fazer suas experiências com bolinhas de papel em casa. Surge, assim, mais uma pergunta: de que adiantam investimentos que serão destruídos... por alunos que não entendem que eles, e os pais deles, pagam por aquilo?

Constato, também, que em escolas particulares a situação não é muito melhor, pois a mentalidade do você sabe com quem está falando ou a do eu pago o seu salário impera, junto com a mercantilização do ensino e o fato de muitos alunos nunca terem ouvido um não dos seus pais. E, é claro, aprove os alunos caso o pai de um deles venha com um presentinho financeiro.

Estudei em uma delas por quase 10 anos e isso é bastante claro: o dinheiro compra o diploma, e a promessa de um ensino melhor muitas vezes não se dá devido... aos alunos, cujo único interesse é a festa da sexta-feira de noite, "com a vida pronta" graças ao papai. Não existe falta de estudo, o que existe - para eles - é professor chato, professor exigente demais.

Soma-se a isso o fato de muitos alunos simplesmente não terem interesse em pensar. Para eles, o professor perfeito - quando não falta à aula - é aquele que enche o quadro de matéria para ser decorada, que não exige um pensamento dolorido. Excelente para uma geração cada vez mais fútil, perfeito para adolescentes vazios, consumistas, cujo único interesse é um celular novo ou o funk do momento. Uma massa facilmente manipulável pela mídia, incapaz de ver as pessoas e os fatos além da aparência. Pensar é chato, para quê, se temos uma overdose de informações e ideias prontas à disposição?

Professor, especialmente no ensino superior, não é pai de aluno para ensiná-lo a ouvir e a respeitar a opinião dos outros. Nem juiz para mediar brigas dentro de uma turma. Ele está lá para realizar seu trabalho, e não para tapar buracos estruturais e arrumar falhas de construção.

E muito menos será ele quem irá reformar a geração ignorante, hipócrita, alienada, inconsequente e analfabeta funcional que vemos, nem irá domar os monstros que foram criados por pais que não querem restringir o crescimento dos filhos e deixam que eles aprendam tudo da pior forma: na rua, com os amigos (que, muitas vezes, os pais ignoram e fazem questão de não conhecer, afinal tem que deixar livre), novamente sem limites, fazendo o que bem entendem (até que a conta chega de uma forma violenta, quando já é tarde demais...).

Não considero mais possível uma mudança no sistema educacional que não comece em casa, ensinando coisas tão simples quanto o respeito às múltiplas opiniões e a capacidade de questionar e criticar (o que é diferente de mandar tomar no cu). Não há ensino escolar sem educação vinda de casa. Algo óbvio, mas que muitos pais convenientemente ignoram - para evitar terem que repensar e mudar seus hábitos. E que não passa na mídia, mais preocupada em crucificar e obter audiência do que em analisar e entender.