sexta-feira, 29 de maio de 2009

Spam, spam, spam, lovely spam!

Ao contrário de muita da geração inclusão digital atual, eu uso e-mail pesadamente. E, assim, acabo recebendo uma enorme massa de spams. Produtos para aumentar meu órgão sexual, programas piratas, gadgets, dicas para melhorar minha vida a dois... Tudo armadilhas para pegar o usuário desprevenido, aquele que pensa ter achado uma mina de ouro vinda de endereços suspeitos.

Ou o pior: os scams. Fraude nigeriana (Conto do Vigário ou 171). Aqueles famosos clique aqui para ver as fotos da Playboy desse mês, sua senha foi roubada e você tem 72 horas para recuperar, você ganhou uma viagem. Em anexo, um 'fotos_da_festa.jpg.exe'. Clicou-levou. Não uma viagem, mas um vírus de presente. Já era de se esperar que, conforme já explicado aqui no blog, o Brasil fosse um dos países mais afetados por e o quarto maior originador desse tipo de praga.

E quem tem culpa pelos milhões de "Enlarge your penis" que circulam pelo mundo todo? Basicamente:

- O administrador de sistema do computador usado para enviar o spam, muitas vezes um micreiro que fez um servicinho ali e cobrou 50 pila, sem avisar que colocou uma senha do tipo '123456', facilmente descoberta por um sistema automático. É bastante simples achar servidores abertos, ou se não for possível, aluga-se um servidor no Paraguai ou monta-se um em casa.

- A impunidade. É interessante ver que, enquanto tenta-se punir de forma agressiva quem baixa músicas ou filmes "piratas", spammers vendem esses mesmos produtos, ou tentam cometer crimes financeiros, e passam sem sofrerem uma ação sequer.

- E, principalmente, a inclusão digital. Aquela que leva pessoas a acreditarem em tudo que vêem (ou, no caso, recebem) na internet. Junte isso com os computadores desprotegidos, muitas vezes de uso promíscuo, e a geração clica-clica, para a qual ler é muito difícil, o computador não deveria me obrigar a ler. (aliás, essa é a raiz de muitos problemas, mas não vem ao caso no momento), e temos uma enorme rede de computadores zumbis, prontos para servirem como máquinas de spam.

Então, por favor: você não terá seu CPF cancelado se você não ler o e-mail urgente da Receita Federal, nem ganhará R$ 200 milhões se você não clicar no link supostamente da Loteria. E, também, o spam não é o local mais adequado para você aumentar seu órgão sexual. Apenas diga NÃO. O filtro anti-spam é seu melhor amigo nessas horas.

Por fim, a origem do termo é nesse vídeo do Monty Python, cujo roteiro encontra-se aqui: http://www.detritus.org/spam/skit.html .



sábado, 23 de maio de 2009

Disquetes! Muitos disquetes!

Faz um bom tempo que não uso disquetes, e nem vejo porque usaria, visto que a maioria dos computadores atuais tem USB e consegue dar boot por um pen-drive, suportado por diversos equipamentos (inclusive alguns instrumentos de laboratório que eu uso nas cadeiras práticas da Engenharia) e todo aquele blá-blá-blá de sempre. Tenho um único e solitário disquete na minha gaveta, às vezes coloco ele no drive do desktop apenas para ouvir o barulho.

E já tive a nada agradável experiência de usar uma câmera digital que gravava as fotos em incríveis 640x480 nessas mídias, que já me fizeram ter que cancelar apresentações de trabalho devido a problemas de leitura. Ou seja, a experiência de liberação dos disquetes foi algo completamente prazeroso.

Mas uma certa pessoa levou ao extremo, e montou um RAID com ... disquetes. Sim. Uma pessoa sem ter o que fazer, com uma ideia na cabeça e muitos drives USB e discos (além de um poderoso iMac de 500MHz) na mão, ou melhor, na mesa, conseguiu incríveis 4,22MB de armazenamento. Dá pra colocar uma MP3 (sim, uma só).

Agora, que tal desenterrar seus disquetes e armazenar seus dados neles? :)

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Ajude-se a se ajudar

Boa parte do meu tempo eu passo lendo fóruns diversos, ajudando (ou ao menos tentando) pessoas com os mais diversos problemas, e às vezes pedindo ajuda. Mas infelizmente, ainda há pessoas que não sabem como fazer essa última parte.

É bem comum vermos pessoas com mensagens do tipo me ajudem, meu está com problema, me ajudem!!!!. É quase a mesma coisa que chegar em um mecânico, dizer meu carro não funciona, conserta e sair correndo. Ninguém pode ajudar se você não fornecer o máximo de detalhes possível. E o ninguém ajudar pode levar a algo muito pior: os ataques sem argumentos, aqueles famosos a comunidade é mal-educada, não sabe ajudar, etc....

Outra coisa aparentemente simples, mas que algumas das pessoas que pedem ajuda esquecem, é simplesmente dizer funcionou, obrigado, que além de agradecer indica para os outros que há uma solução para o problema. Mas não, nós que ajudamos somos por vezes tratados como máquinas de respostas, trabalhando de graça.

Além disso, há as pessoas que se esquecem do mais imediato: pesquisar, ler e, principalmente, entender o que se lê. Mas isso é difícil demais pra quem quer tudo agora, sem esforço, sem ter que pensar e, principalmente, sem querer se ambientar com a lista. Se é esse o problema, então não é culpa do software, mas sim do usuário.

Ou as crianças sem-vida, que pegaram o computador do papai emprestado no fim de semana, e que querem parecer engraçados ou polêmicos, para isso postando mensagens cujo único objetivo é este: fazer bagunça. São os trolls (que, ironicamente, muitas vezes se descrevem como pessoas de atitude, se é que podemos chamar uma verborragia sem argumentos de atitude), e o melhor a fazer é ignorá-los, e não simplesmente satisfazê-los dando a atenção que eles tanto querem.

E o mais banal, mas infelizmente abandonado pela geração internetês: saber escrever, não apenas corretamente, mas sim de forma estruturada, com começo, meio e fim, especificando o que aconteceu e o que foi feito para tentar resolver o problema. Chegar em um fórum e dizer TÔ COM POBREMA, NAUM CONCIGO ESTALAR O LINÚQUES NO MEU COM PUTA DÔ, DÁ POBREMA COMOFAS// não será muito útil para ninguém. Ser - ou ao menos tentar ser - preciso, claro, objetivo e incisivo não é um favor, é um dever. (além disso, ao organizarmos as causas e efeitos de um problema, muitas vezes os detalhes que estavam sendo ignorados ficam óbvios).

O agravante são as mensagens marcadas como urgente, normalmente acompanhadas por toneladas de exclamações. Ao contrário do estereótipo, a maioria de nós tem mais atividades diárias do que ficar na frente de um computador recebendo mensagens a cada 5 minutos. Se você precisa de algo para ontem, procure alguém que se dedique a isso e que provavelmente irá esperar um pagamento em retorno.

A recíproca também é verdadeira: simplesmente chamar alguém de "idiota" (embora hajam pessoas que realmente mereçam, é melhor segurarmos a raiva e sermos racionais) ou mandar "lê o manual/vai pesquisar, burro" também não é muito útil. E a máxima "muito ajuda quem não atrapalha" é perfeitamente válida nessas horas, pois uma resposta que prejudique o usuário é, muitas vezes, pior do que nenhuma resposta.

Então, por favor, ajude-se a se ajudar. Não atrapalha ninguém e ajuda a manter a relação sinal-ruído em um nível relativamente bom. E se você está ajudando, também colabore. São atos bem simples e que ajudam a todos (visto que muitas listas de discussão e fóruns são arquivadas e indexadas por mecanismos de busca diversos), mas ainda há pessoas que esquecem deles e fazem perguntas mal-estruturadas. Mas se você decidir que ainda não quer se ajudar, não reclame depois se for xingado ou ignorado.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Agradeça aos engenheiros


Descobri essa campanha bem interessante, da Texas Instruments, fabricante de componentes eletrônicos, com o tema Agradeça aos Engenheiros.

http://www.ti.com/corp/docs/landing/thank-an-engineer/index.htm











Agradeça aos engenheiros por muita da tecnologia que você tem em casa. Por trás até mesmo do eletrônico (aparentemente) mais simples e comum que você usa, muitas vezes sem notar, ou da construção ou veículo mais complexo possível, um ou mais engenheiros estiveram, trabalhando a noite toda, arrancando os cabelos e com a esperança que suas horas de pesquisa, estudo, cálculo, simulação, análise, desenho tivessem sido bem-investidas e que seus produtos ou desenvolvimentos fossem válidos e funcionassem.

São eles que tiveram e têm que, muitas vezes, tolerar o preconceito de serem chamados de loucos por se dedicarem a estudar assuntos considerados complicados, por pensarem e analisarem em um mundo no qual, para a maioria das pessoas, pensar dói, é muito difícil, é muito complicado. Muitos deles que se sacrificaram, às vezes arriscando suas próprias vidas, para trazer conveniências que hoje consideramos normais e sem as quais não imaginamos nossa vida. Que ofereceram muito e esperaram pouco em troca. Que, muitas vezes, desenvolveram e otimizaram soluções para seus próprios problemas, sem esperar que elas se tornassem produtos sem os quais nossa vida seria muito mais complexa.

São eles que transformam em realidade ideias e soluções que antes eram julgadas como impossíveis ou desnecessárias, certas vezes recebendo pouco, ou quase nada, ao contrário de algumas profissões que fizeram e fazem pouco para o progresso coletivo e recebem muito mais mérito graças ao seu status. Que, usando seu conhecimento, encaram o desafio de transformar perguntas em soluções, muitas vezes criando outros problemas no processo, assim formando um ciclo infinito cujos resultados, embora algumas vezes pequenos, juntam-se, como peças mecânicas ou componentes eletrônicos e, trabalhando juntos, fornecem o resultado pelo qual esperamos. Que, ao encontrar um limite, falha ou defeito, não desistem, mas sim usam-os como possibilidade de saber ainda mais, nunca se cansando de questionar, e talvez por isso sejam vistos como estranhos em um lugar no qual a ordem é simples e cegamente aceitar.

São eles os mal-compreendidos, os estranhos, os chatos que, por meio da aplicação do conhecimento, nos possibilitaram sair de condições precárias e morar em cidades organizadas e estruturadas, reduziram distâncias e tempos, aumentaram nossa expectativa e qualidade de vida (inclusive possibilitando uma vida nova para aqueles antes limitados por uma deficiência), nos levaram da ineficiência à otimização, que explicaram ou deram ferramentas para que outros cientistas explicassem o que antes era visto como misterioso, e que possibilitam a muitas pessoas, inclusive a eles mesmos, largarem o trabalho mecânico (por exemplo, há 50 anos, um simples cálculo era um procedimento trabalhoso, que demorava minutos para ser realizado nas velhas réguas de cálculo ou máquinas de somar) para se dedicarem as capacidades humanas, insubstituíveis por uma máquina que - apesar da sofisticação - não conseguem pensar independentemente.

Simplesmente, há motivos bastantes para todos agradecerem aos engenheiros, profissionais muitas vezes esquecidos e até mesmo discriminados por pessoas que se deixam levar pela aparência, pela propaganda e pela suposta falta de status em uma profissão complexa, mas que possibilitam nosso padrão de vida e - com sorte - usarão seu conhecimento não para ficarem ricos ou para destruírem a humanidade como forma de atingir seus objetivos de dominação mundial, mas sim para que possamos continuar a evoluir. Mas se isso não bastar, apenas se lembre de quantos trabalharam, trabalham e trabalharão para que você consiga fazer coisas tão básicas quanto ter um teto sob o qual morar, pegar algum meio de transporte, usar algum material artificial, ou ler esse blog. :)

(foto: http://www.sxc.hu/photo/1072216)

sábado, 9 de maio de 2009

Pegador sim, galinha não. Mas burro com certeza

A imagem do álbum desse sujeito fala por si só.

Reparem na foto do meio: "poucas meten". Realmente, espera-se que poucas metam em um homem.

E o que é Fernan dinoronha? Isso é o nome científico de uma espécie nova?

Mas, como ele diz no seu perfil,
Andamos de ECkO essomos filezin. O bonde do do falsoboy pegador so de brotin. (não entendi nada dessa linguagem, deve ser a idade).

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Homofobia por conveniência: a mais nova (não-)modinha


Talvez seja eu mesmo, mas eu não consigo ver em que a sexualidade de uma pessoa influencia no caráter e na atitude dela. Pouco me importa o que fulano ou sicrano faz entre 4 paredes. E não consigo imaginar um motivo para discriminar alguém pela sua homo ou heterossexualidade. Ainda mais lembrando que o fundador, e várias figuras importantes da informática, são homossexuais.

Entretanto, ainda há gente que acha as mais diversas razões para justificar sua homofobia. É nojento (como se tudo o que todos fizessem fosse limpo), não é natural (como se animais fossem macho-com-macho-mulher-com-mulher) e vai contra a vontade de Deus (mesmo que todos nós, supostamente, sejamos filhos Dele, e que pai desnaturado iria contra seu próprio filho? mas esse não é o mérito da discussão)... mas esse tipo não é o pior.

O pior é a homofobia por conveniência, ou situacional. Defino-a como aquela que leva alguém a dizer que duas mulheres gostosas se beijando é bonito, é lindo e maravilhoso, tem isso como fantasia sexual (como a maioria dos homens). Mas quando voltam à vida real, onde nem todas as pessoas são atrizes pornô lindas, é feio, é horrível, imoral, ilegal e engorda. E quando passam perto de um casal de homens (ou mulheres) juntos (nem precisam estar abraçados ou se beijando) precisam atravessar a rua, com uma cara de nojo. Mas quando é na novela? É muito bom, vai mudar os conceitos das pessoas (o que, conclui-se a partir do exemplo citado anteriormente, não é verdade).

A mesma em que, quando uma pessoa um pouco mais importante diz ser homossexual ou já ter beijado o mesmo sexo, tudo que ela fez magicamente desaparece e essa vira a nova fofoca. Se ela for pega com esse mesmo sexo? O barraco está feito. Excelente para um povo desesperado por futilidades, fofocas diversas, as mesmas pessoas que compram revistas Caras, Quem e afins (não consigo imaginar motivos para alguém comprar uma dessas, pois papel higiênico é tão barato e machuca menos). Ou essa mesma Fulana é cool, vira um ícone da transgressão, ou é rotulada com todos os xingamentos possíveis pelo lado (pseudo-)moralista da sociedade, aquele que tem uma imagem de senhor da sabedoria, nunca erra e tem uma resposta para tudo para zelar.

Ou que leva alguém a dizer que todos os que seguem um mesmo estilo, ou gostam ou não de alguma coisa, são "viados". Não gosta de futebol? é viado. Não gosta de baile funk? é uma bicha. Homem usando cabelo comprido? é frescura. Mesmo que a opção nada tenha a ver com quem ataca (afinal, o cabelo ou o não-gostar é de quem mesmo?), não, eles têm necessidade de xingar alguém. E de preferência, de viado. Quer ofender? Chame de viado, afinal estamos em um país tão livre de preconceitos e democrático, que a homossexualidade ainda é vista como um defeito e um xingamento.

E ironicamente, muitas vezes as pessoas que se dizem desinibidas, livres de freios morais e de tabus, acham mais interessante julgar alguém pelo que e com quem elas fazem na cama. Sinceramente, algum conceito de desinibição está muito errado. Ou será que é cool usar essa expressão e ter uma atitude completamente inversa e incoerente? Mas tudo bem, enquanto eu racionalizo isso (maldita mania de pensar em tudo), vamos continuar olhando filmes pornô e fantasiando com situações que, no dia-a-dia, estaríamos achando nojentas.

Ah, a foto é de um bisão-americano. E agora, ainda vai xingar alguém? :)

domingo, 3 de maio de 2009

A música morre, entra o barulho

Ainda lembro da época em que a música simplesmente era... música. Aquela feita com talento, criatividade e bom-gosto, para expressar ideias e opiniões ou lutar por uma causa. Aquela em que o sucesso era uma consequência de um bom trabalho, e não um objetivo. Mas tudo bem, essa época passou, talvez eu ainda lembre dela por causa da minha idade.

Agora, estamos na época da "música"-produto. Ela não é mais feita com instrumentos, mas sim com barulhos repetitivos, artificiais, estéreis. Nem é composta por artistas, mas sim projetada por executivos interessados em vender (e ganhar seus ricos direitos autorais). O mais interessante é que nunca vi CD de funk original. Também, quem iria comprar?

Não é preciso ter muito cérebro, acredito eu, só sangue-frio e esperteza mesmo, para pegar uma batida qualquer e jogar um créu, créu, créu em cima, colocar uma mulher considerada "gostosa" (por moleques que pensam com as bolas, talvez) mostrando a bunda em verdadeiros filmes pornô - e sendo copiadas por meninas de x anos (sendo que x tende cada vez mais a zero), algumas vezes com a cumplicidade dos pais.

Tem tudo que o povão gosta. Um verdadeiro pão-e-circo, no qual a comida são as "piranhas do funk", apropriadamente rotuladas de mulher- (por exemplo, as mulheres-fruta, que deveriam ser renomeadas para mulheres-junk food, e a tal da mulher-filé e outras mulheres-produtos-derivados-de-animais, que me faz seriamente considerar virar vegetariano de uma vez por todas). Elas dançam na cara, rebolam até o chão, fazem o créu na velocidade 5 e tudo o mais. Para adolescentes tarados é uma maravilha. E quem não gosta, como eu já falei aqui no blog, é "viado".

Além disso, é estranho ver que, há anos atrás, as mulheres lutavam por seus direitos e protestavam para não serem tratadas como objetos sexuais. E hoje, toda essa batalha vai por água abaixo devido a algumas que querem se transformar em objetos de consumo. E, pior, demostram tolerância com a violência contra elas mesmas. Basta olhar, por exemplo, essa letra de um tal de "Vaguinho e Cia.":

Eu puxo o seu cabelo
Faço o que você gosta
Dou tapa na bundinha
Vou de frente, vou de costas (x2) (in: http://www.buscarletras.com.br/vaguinho-e-cia/letra-tapa-na-bundinha.html)

Se isso não é apologia, não sei o que é. E pensar que tem mulheres que gostam. Ah, e como esquecer que tem batida? É ótima para ficar desfilando nas ruas com ela no volume máximo no som do carro, gritando Ó! EU SOU BROXA! MEUS GRAVES TÊM MAIS WATTS QUE UMA USINA!, como se todas as mulheres fossem se apaixonar pelo seu sistema sonoro automotivo. (ainda acho que uma caixa de Viagra sai mais barato) Ou que tal colocar no celular e ouvir, sem fones de ouvido é claro, para que todo mundo no ambiente possa ser exposto ao seu excelente e refinado estilo?

Enquanto isso, aqueles que tentam gostar da verdadeira música são ridicularizados e muitas vezes obrigados a tolerar (sim, tolerar, pois é impossível alguém com um gosto melhorzinho aguentar tamanho barulho). Chamados de chatos, caretas, quem ouve rock ou metal é "adorador do diabo" (como se o funk e a barulhada atual fossem barulhos santos e divinos, e as danças vulgares fossem um ato de louvor a Deus), E são rotulados como "preconceituosos", pois essa é "a cultura popular". Sob o risco de parecer um erudito pedante, mas sinceramente não consigo ver o que há de cultural e belo (não confundir com o vulgar) em mulheres com quase-roupas. Nem o que há de arte em Créus e chupas-que-é-de-uva.

E, infelizmente, ao que tudo indica, é esse o caminho do futuro. Os instrumentos dão lugar ao tum-tum-tum. As letras abrem espaço para palavras de no máximo 6 letras, pois afinal todo o pensamento dos ouvintes estará concentrado na cabeça de baixo. Mas tudo bem, quem se importa? Afinal, música que faça pensar e que critique alguma coisa (a crítica de verdade, não aquela manufaturada para jovens pseudo-revoltados, que criticam o sistema enquanto assistem Malhação e reclamam do capitalismo porque o papai não deu o tênis Nike nem o iPod novo) é coisa para os caretas, para os chatos, o que importa é que tenha mulheres gostosas rebolando.

E viva as Tati-Quebra-Barraco, os MCs, as mulheres-alimento e as piriguetes, é esse o futuro do nosso país, pensar é muito cansativo, é muito chato, é coisa de gente careta, estamos em um país de extrovertidos, vamos para o baile funk!