terça-feira, 25 de janeiro de 2011

2 anos de blog

Hoje, 25/01/2011, esse blog faz dois anos. Nesse período falamos de Linux e outros softwares livres, copyrights, música, educação, mundo acadêmico etc....

Esse post foi só pra poder usar a foto desse bolo.

(fonte da foto: http://www.sxc.hu/photo/536471)

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O aluno como gargalo da educação

Muito se fala em melhorar o ensino, em revitalizar as escolas públicas, entre outras estratégias para tentar tirar o Brasil da ridícula posição nos rankings internacionais. Porém, um aspecto crucial no processo, muitas vezes ignorado, acaba gerando um grande gargalo: o aluno e a educação que deveria vir de casa.

De nada adianta uma escola moderna, com infra-estrutura de primeiro-mundo, se os alunos vão para ela apenas para fazer bagunça, para destratar os professores, para praticar o bullying, entre outros comportamentos não-educativos - muitas vezes vítimas de vista grossa pela administração da escola - e até mesmo pelos pais de alunos (ah, mas meu filho não faz isso! ele é um bom filho!).

Como consequência desses eventos, obtém-se professores frustrados, muitas vezes ameaçados pelos alunos - que jogam sua própria incompetência nas costas do professor, ao tentar vingança por uma nota inadequada, mesmo que o aluno tenha dormido em todas as aulas e nunca tenha entregue um trabalho. E isso não se resolve simplesmente aumentando o salário. 

Do mesmo problema surgem alunos que acabam perdendo o interesse no estudo, ou mesmo o aluno interessado desenvolve estresse, depressão etc... devido aos paus e pedras verbais que ganham do aluno "fodão" que os ameaça de "nerd viadinho puxa-saco do professor" - exatamente o contrário do objetivo do ensino. E antes que falem ah, mas a vítima não pode ser forte e ignorar?, como já me sugeriram, isso normalmente tem uma das duas consequências:


  1. Fica implícito para o agressor que apenas a agressão verbal não basta, e que é preciso partir para a agressão física.
  2. Fica implícito para o agressor que o comportamento dele é aceitável e que ele pode continuar, visto que não houve reprovação.

Por sinal, como falar em uma sociedade tolerante, não-preconceituosa, quando a escola, de certa forma, tolera o racismo, a homofobia, a discriminação por qualquer motivo - como acontece no bullying?

Tudo isso é agravado pelo fato do professor não ter mais autoridade em sala de aula: não pode expulsar o aluno bagunceiro. Não pode reprová-lo. Qualquer nota zero é motivo de papai e mamãe irem lá reclamar, ou mesmo de professores sendo gentilmente convidados a alterar os históricos escolares. O professor tornou-se submisso às vontades do aluninho mimado, aquele que aprendeu com os pais que ele era um anjinho, cujas vontades sempre eram satisfeitas.

Outro clássico problema é o aluno que não quer pensar. Aquele que faz um trabalho na base do copiar e colar - e ainda se acha por isso, que sempre procura um jeito de se esquivar das perguntas do professor... e que ainda odeia aqueles que pensam e argumentam, ou que ao menos tentam. Seus "argumentos" normalmente passam por frases de brilhante conteúdo argumentativo (coisa de viado, quem faz isso é nerd, coisa de quem não come ninguém etc...). Excelente profissional ou universitário que ele será, não?
Na mesma classe inclui-se o aluno que não questiona, que se deixa manipular por qualquer opinião que venha de uma figura de autoridade. Um perfeito idiota, feito sob medida para o consumismo, e que provavelmente tornar-se-á mais uma geradora de preconceito.


Respeito, ética, senso crítico, não-preconceito, ceticismo: coisas que não se ensinam em sala de aula, e que deveriam vir de casa. Mas se elas não vêm, é necessário punir os alunos que não as possuem. Sim, é necessário expulsar o aluno que manda o professor tomar no cu, punir os alunos que tratam a escola como um lugar para bagunçar, e colocar os pais a par do que o "filhinho" está fazendo dentro da escola - fazendo com que eles respondam pelos filhos que não levam o material escolar mais importante: a educação que vem de casa. 

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Mindshare: a pirataria como forma de marketing

Vejo muita gente, especialmente na comunidade de software livre, desejando que a Microsoft, e outras empresas de software proprietário, tomem medidas mais agressivas contra a violação de copyright, vulga "pirataria". (In)felizmente, isso não vai acontecer - não tão cedo. Por um motivo bem simples: mindshare.

Apesar das supostas estatísticas que dizem o contrário, a pirataria pouco ou nada prejudica essas empresas - se ela é tão ruim assim, como explicar o fato de Microsoft, Adobe, Apple et. al. sempre registrarem enormes lucros?

Elas perdem um pouco de dinheiro, mas ganham algo muito mais importante: publicidade e usuários - o que muitas vezes vai ser um fator na hora de uma empresa (que, naturalmente, não irá usar software pirata, devido ao baixo custo-benefício - a licença do Windows tem um valor irrelevante para compras maciças), escolher uma solução user-friendly, e na formação de um ecossistema com um ciclo de feedback positivo (mais pessoas usam Windows, forneceremos mais serviços para tal plataforma, mais pessoas usam...). Em termos mais simples, a clássica estratégia do "dê as drogas de graça e crie viciados", que funciona muito bem.

O que seria da Adobe se os "dizáine gráphico", ou mesmo o artista amador (aquele que divulga sua arte em sites como DeviantArt, Flickr etc...) usassem o GIMP, o Inkscape e desenvolvessem HTML5 em vez de usar o Photoshop, o Illustrator e o Flash, respectivamente, ou mesmo um professor do curso de Design decidisse pelo uso de tais ferramentas? Provavelmente photoshop não teria virado um verbo ("eu vou me photoshopar aqui pra ficar mais bonita" ou frases do tipo), e a Adobe (por exemplo) deixaria de vender licenças para universidades.

E o que seria de técnicos em formatação de Windows que, perante a redução na massa de usuários de Windows pirata (assumindo que a maioria dos "ex-piratas" migrasse para Linux), visto que eles não teriam muito o que fazer, já que Linux não é tão facilmente quebrável por um usuário leigo - a menos que eles se reciclassem? Provavelmente veríamos vários desses desempregados.

Somando-se a isso, também, o fator FUD: se a grande mídia noticiasse que usuários domésticos foram punidos por usar software pirata, provavelmente os indecisos (aqueles que mantém um Windows não-original em uma VM, ou em dual-boot) iriam ter um bom argumento para tirá-lo de suas máquinas e convencer outras pessoas a também migrar.

Outra questão relevante é que, para o usuário doméstico, efetivamente o Windows e outros programas comerciais são gratuitos (ou custam R$ 5 no camelô). Assim, não há muita motivação para um usuário leigo migrar para software livre, ou mesmo procurar alternativas mais econômicas a softwares comerciais que ele usa de graça. Assim, a pirataria acaba tendo um efeito colateral de desmotivar a busca de outras opções gratuitas ou de menor custo - mas não é isso que as empresas querem, de certa forma? 

Na música acontece algo similar: por mais que as gravadoras digam que a pirataria prejudica a música, muitas vezes é ela que aumenta o alcance desta. Desde o ouvinte de uma banda underground que só consegue ter contato com ela através de um download - visto que a gravadora decidiu não trazer os álbuns dela para o Brasil, por questões mercadológicas, até a pessoa que baixa uma música, conhece uma banda e apresenta ela para os amigos, que repetem o processo. De certa forma, a pirataria ajudou a formar um meme que faz a cabeça de muita gente. Algo bem desejável para os artistas, que certamente terão mais fãs nos seus shows.

As empresas dificilmente irão querer mudar uma situação que, de certo ponto de vista, é boa para elas: uma forma eficiente de desencorajar a busca por alternativas livres, e que pode render um dinheirinho, um rio de lágrimas de crocodilo, e 15 minutinhos de FUD na forma de processos. A pirataria torna-se um eficiente marketing gratuito, mais abrangente que campanhas milionárias de publicidade, em uma situação ganha-ganha (ou usando o termo que o TV Tropes usa, Xanatos Gambit - dica, não visite se você não quer se perder naquele wiki. Não diga que eu não avisei).