segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Keep calm and ask on Stack Exchange


Descobri a rede Stack Exchange quando estava com uma dúvida em um programa no qual estava trabalhando e, quando o Google não adiantou, lembrei do Stack Overflow (o primeiro site dessa rede). Embora não participe do Stack Overflow ativamente, uso outros sites da rede; e muitas vezes eles são mais convenientes do que o Google para achar respostas de alta qualidade.

Algumas coisas de que gosto nela:


  • A principal: ela NÃO é um fórum ou uma rede social (e quem tentar usá-la dessa forma vai quebrar a cara rapidinho), mas sim um espaço para Q&A de alta qualidade. Perguntas subjetivas, que podem gerar flames ou mimimi, trollagens etc... não duram muito tempo antes de serem rejeitadas pela comunidade (que pode votar em perguntas/respostas de alta ou baixa qualidade), fechadas ou sumariamente deletadas. Não é um Yahoo! Respostas e suas pérolas.

    Na própria descrição da rede:

    We welcome questions that are clear and specific, representing real problems that you face; Stack Exchange is not the place for conversation, opinions, or socializing.
    (Somos abertos a perguntas claras e específicas, representando problemas reais que você venha a encontrar. Stack Exchange não é o local para conversas, opiniões ou fazer amigos.)

    A atividade social mais próxima disso são as salas de "bate-papo". Não, não é em nada parecido com os velhos e bons (???) bate-papos do UOL/Terra/etc...: servem, por exemplo, para que um usuário possa pedir esclarecimentos acerca de uma pergunta.


  • Usuários recebem pontuação por boas perguntas/respostas e podem ser premiados com badges por feitos (por exemplo, uma pergunta com mais de mil visitas, ou que recebeu mais de 10 votos, ou um usuário generalista, que responde perguntas de diversos assuntos).
  • A comunidade é a moderação: conforme o usuário vai ganhando pontuação, ele ganha o direito de editar questões, votar, entre outras atividades. Questões ruins ou inadequadas ao propósito de um dos sites? Quem as modifica, ou recomenda o fechamento delas, é a comunidade. Efetivamente um usuário de alta pontuação não tem muitas diferenças em relação a um moderador (a principal diferença: a palavra dos moderadores é final, e eles tem poderes como bloquear usuários).
  • Aliás, é a comunidade quem promove a criação de novos sites, através do Area 51. Um processo de feedback: os interessados propõem novos sites (ou demonstram interesse nos que já existem) e, assim que é atingida a massa crítica, o site é lançado em caráter experimental: disto ele pode vir ou não a sobreviver.

    Através desse processo já foram lançados sites para diversos temas: de Linux a judaísmo, passando por bicicletas e ficção científica. Outros encontram-se em "beta": xadrez, design gráfico, processamento de sinais etc...


O Stack Exchange foi um dos serviços que realmente demonstrou a capacidade de atrair perguntas e respostas de alta qualidade, vindas de profissionais e entusiastas das mais diversas áreas. Altamente recomendado, apesar do caráter potencialmente viciante, para programadores, administradores de sistemas, DBAs, usuários Linux ou para quem se interessa por matemática, física ou eletrônica, entre outras coisas.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A culpa é da NASA?

Como era de se esperar, depois da recente chegada da Curiosity à Marte, vemos uma tonelada de mimimis do tipo a NASA gasta dinheiro para isso, enquanto tem gente morrendo de fome na Terra: a velha história de colocar a culpa no lugar errado.

Simples: Não reclamem com a NASA, ela não tem nada a ver com isso, ela não é ONG ou instituição de caridade e tampouco está na missão dela o combate à fome.

Reclamem com os verdadeiros culpados: os bancos de investimento, que deliberadamente mantêm os preços dos alimentos altos para dar lucro aos seus clientes. Os governos, que dão financiamento para exportação de alimentos, mas que cobra impostos de quem produz alimentos para consumo interno. As multinacionais da alimentação, que monopolizam (com complacência do Estado) as terras (ainda) não-exauridas dos países em desenvolvimento, posto que nos seus países de origem elas já não servem mais para sustentar os hábitos de consumo.

A NASA não tem nada a ver com o estado em que os países ricos deixaram (e deixam, até hoje) os países emergentes, nem com o fato de boa parte das nossas terras ser usada para agricultura de alto impacto (com defensivos agrícolas - eufemismo para agrotóxicos) e pecuária.

E por sinal: ela custa apenas US$ 18 bilhões (ou 0,5%) do orçamento dos EUA - contraste, por exemplo, com o custo do Ministério da Defesa americano (algumas centenas de bilhões de dólares).

NASA's FY 2011 budget of $18.4 billion represents about 0.5% of the $3.4 trillion United States federal budget during the year. (wikipédia)
(O orçamento da NASA para o ano fiscal de 2011 representa cerca de 0,5% dos US$ 3,4 bilhões do orçamento federal dos EUA no ano [de 2011]).

Somando-se a isso o fato de muita da tecnologia empregada nesses programas ser produzida e desenvolvida nos Estados Unidos: algo extremamente bem vindo, se contrastarmos com o made in China de cada dia. Aliás, essa é uma das melhores razões para que qualquer país tenha um bom programa espacial: desenvolver tecnologia de ponta (já que ela não será facilmente comprada, por motivos muito óbvios). Um progresso muito mais desejável do que o simples desenvolvimentismo cego, de baixo valor agregado e de grande impacto social e ambiental que vemos nos países "emergentes".

A propósito, boa parte da tecnologia de ponta e boa parte do que usamos hoje surgiu ou foi aperfeiçoada com ideias desenvolvidas para aplicações espaciais. Se você usou telefone celular, GPS, um computador atual etc... pode ter certeza que passou pelos resultados da exploração espacial: e aí, são pesquisas "inúteis" mesmo?

Ao contrário do que pode parecer (talvez pela escassez mundial no jornalismo científico para os não-cientistas), cortar os investimentos em pesquisas julgadas inúteis não significa necessariamente que eles irão para resolver problemas sociais, e vice-versa: a existência de um não implica a (não-)existência do outro.